quarta-feira, 7 de abril de 2010

“Preguiçosa” era um eufemismo para descrever aquele corpinho de menina de 8 anos deitada sobre a cama. Afinal de contas, quem não tem preguiça numa tarde de feriadão, num quarto de hotel, com ar condicionado e cobertas gostosos, e o melhor.. um primo e sua namorada para aperriar?!

Então... vamos deixar de lado o casal [que, de fato, não podia sequer dar uma bitoquinha, porque a miniatura de gente simplesmente encarnou que a namorada do primo, e padrinho, era dela.. isso, somente dela]. Até porque, o que é um casal de namorados ao lado de uma menina que coloca a família toda no centro da palma da mão?!

“Vai lá no banheiro e faz xixi pra mim, Bernardo”. Atire a primeira pedra quem nunca teve PREGUIÇA de ir ao banheiro! Nessas horas ninguém se lembra da maldita infecção urinária. As pernas balançam, os membros se contraem, mas a danada da preguiça não dá trela. Pois bem! Geórgia não era diferente. Deixar o casal ter alguns poucos segundos de carinho estava fora de cogitação.

“Voltei!”, disse o pitoco de 4 anos, vindo correndo do banheiro e se esparramando na cama. O barulho da descarga ainda não cessara. Isso mesmo! Ele foi ao banheiro e fez xixi no lugar da irmã. Já viu prova maior de obediência e lealdade? Morra de inveja se você não tem quem faça xixi no seu lugar. Geórgia tem!

Ela manda, ele obedece. Ela reclama, ele ri. Ela nega, ele assume: “Fui eu”. Ela bate, ele chora e conta para a mãe. Ela brinca, ele imita. Ela dorme, ele quer ir junto.

Agora, responde uma coisa: tem sono mais recompensador depois de virar para a cama ao lado e ver esse casalzinho de deixar qualquer um definitivamente louco, em sono profundo? Duas criações de Deus, com semblante de anjos.

Estou cada vez mais convencida de que a convivência com crianças faz brotar cabelos brancos e deixa rouca qualquer criatura. Faz você sentir de irritação a desespero em poucos instantes. Ao mesmo passo em que provoca os sorrisos mais doces, os carinhos mais sinceros e a fé na humanidade.

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Depois de mais um ano de ausência absoluta.. um retorno falando daquilo que tem me rodeado e reposto minhas energias.. crianças. Da família ao tema da monografia.. elas e suas traquinagens estão por todos os lados.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Resuma-se numa folha de papel!


Tenho trabalhado alguns dias pela manhã. É o melhor a se fazer... quando não há aula na universidade, é claro.
Pela manhã tenho mais disposição, coragem.. e vamos combinar, passa mais rápido do que à tarde, [quando entro na crise das 17h]. Incrível como o relógio atrasa, para, simplesmente não sai do lugar.

Semana passada, numa dessas trocas de horário e uma chuva esmagadora que quase me fez arrepender de ter feito o combinado.. tive que ir de ônibus, ou então, seria o “pinto molhado” do Ministério, que combinado ao ar-condicionado não daria um casamento lá muito bom.

O fato é que, próximo à avenida principal.. passa [Aquela] pessoa.. antes de qualquer olhar arregalado, o “aquela” não faz menção a alguém específico, mas com certeza merece destaque. Olha aí, tô até me expondo mais.. coisa que minha timidez não costuma deixar... tudo bem, talvez porque vocês nunca irão saber quem é [Aquela] pessoa.

Nas mãos, um curriculum. Não deu pra ver muita coisa.. afinal de contas meu sentido superdesenvolvido é a audição. Mas.. o suficiente para justificar seus trajes. Na próxima parada, o curriculum, acompanhado da pessoa interessante, desceu para procurar seu destino. Cá comigo, desejei boa sorte. Não por nada, apenas porque, como uma boa pessoa do contra que sou, gosto de entrevistas de emprego.
Meu frio não é na barriga, geralmente nos pés e nas mãos. Mas gosto da ansiedade. Tudo bem, só fiz 5 entrevistas até hoje. Sei também que, diferentemente do que aconteceu até agora, escutarei muitos nãos e aquele olharzinho bendito “infelizmente a vaga foi preenchida” ou o pior “seu perfil não se encaixa com a nossa empresa”.

O que não suporto nessas circunstâncias é sentir-me resumida num curriculum. Compacta, oferecida, e sim, à venda.
Uma página pra dizer o que sou, e o pior, deixar bem claro o que não sou capaz. Simples e benditas “habilidades”.
E o pior de tudo.. ver a temível criatura analisando meu papel-resumo, bem ali na minha frente.. e ainda ter que ficar tentando interpretar cada sobrancelha que se mexe, um por um movimento da boca.
Pode dizer que sou complexada, mas de fato, não gosto de curriculuns. Tenho sempre uns guardados na gaveta da cama.. afinal de contas, alguns males são necessários. Mas protesto.. sinto-me diminuída!!
Você consegue se resumir numa folha?
Cursos, experiências anteriores, idiomas e uma foto bem feinha, por sinal... por favor, sejam banidos!!
Pessoas como referência é o fim. Qual patrão educadamente centrado vai ficar telefonando para ex-chefes pedindo boas recomendações? E telefones de amigos e parentes que alguns colocam no fim da folha? Se nem seus mais chegados puderem falar bem de você, melhor procurar um psicólogo antes do emprego.
Fora isso, no curriculum deveria constar hobbies, viagens, livros preferidos, músicas trilhas-sonoras e filmes prediletos - seria bem mais fácil conhecer alguém sob esses critérios. Ah, e para alguns, um detector de mentiras em anexo seria muito bem-vindo.

Hoje trabalhei novamente pela manhã.
Conferindo se a chave do meu setor estava na bolsa, a famosa escapadinha com o olhar para a lateral.
[Aquela] pessoa estava lá. Roupas parecidas com as da semana passada.. tá certo, não sou muito observadora, mas era o mesmo estilo.
Simplesmente interessante!
Nas mãos, um papel. Outro curriculum? A pessoa está realmente querendo..
Mas não, documentos corriqueiros de uma empresa.
Percebi o detalhezinho na camisa. Uma farda.
[Aquela] interessante pessoa havia conseguido o emprego.

Pensei... parabéns!

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Você permite?


Não fui eu quem disse. Repito, não fui eu.


“O Brasil é o terceiro país mais consumista do mundo”.


Estas palavras saíram da boca da invejável Ana Hickmann... em um dos comerciais que patrocina seu programa na Rede Record.
Uma bela arcada exibida entre lábios de canto a canto. Não sei se ela estava realmente feliz ou a expressão fazia parte do marketing da marca.

Pára tudo! O que há de bom em reconhecer a grande evolução do Brasil em fazer parte desse ranking mundial?

Bem que eu poderia estar comemorando o Dia das Crianças com um texto cheio de saudosismos, recordações infantis ou ainda comparando como são as crianças de hoje em dia.
Guardo ótimas lembranças da minha recente infância, mas, ela já passou.
Penso nas inúmeras infâncias que virão. Não sou tão egoísta.

“Em 2020, uma em cada quatro crianças será subnutrida”.

Essa frase eu não vi estampada em nenhum veículo de comunicação. Tenho a “leve” impressão de que a mídia, muitas vezes, prefere “esquecer” essa verdade.
Mas garanto, ela caminha para ser um fato.

Até pouco tempo eu me achava contraditória. Mas.. agora vejo que não estou só.
Um dos países mais consumistas é o mesmo que abrigará um índice de desnutrição estarrecedor.
E o que isto afetará minha vida?
Ah, espero que em 2020 eu já tenha alguém para me chamar de mãe. Muito provavelmente, ela(e) não fará parte dessa parcela faminta, mas alguém pagará o pato. Alguém pagará pelo pato sem poder comê-lo.
Enquanto você faz planos de dar uma boa escola, uma educação de qualidade e um eficiente plano de saúde para o seu filho, alguém costura alguns retalhos para esboçar uma boneca de pano, sutilmente feliz.

Meu intuito não é o apelo. Não pretendo que você dê tudo o que tem e viva sem nenhum apego material. Não sou tão utópica.
Eu também tenho os meus apegos.
O que coloco em questão é: como consumismo e miséria convivem?
É, acho que não convivem.

No “meu tempo” criança se sujava. Brincava de roda, passa anel e adedonha.
Na “minha época”, criança, mesmo que contra a vontade, dividia brinquedo. Orava pela criança que tava lá do outro lado do planeta. Dividia o pirulito, mesmo que uma lambida só.

Nesse tempo não sei de quem, as crianças têm os melhores celulares, os mais ágeis computadores, as mais belas roupas.
Nesse tempo não sei de quem, outras crianças passam as horas contando quantos ossos aparecem em seus corpos, tão evidentes quanto à falta de comida no armário de casa.

Nesse nosso (meu e seu) tempo, consumo e pobreza não dão as mãos.
Nesse nosso tempo, quem ainda se permite andar de mãos dadas??

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Quer um pote?




Tive a prova máxima de que o amor não segue regras, verdadeiramente não tem lógica, isenta formalidades e previsibilidades.

Lembra a senhora, aquela que não sei o nome, minha quase vizinha? É dela que estou falando.. se não leu ou não lembra, é só ver o post do dia 01 de maio.

Abri aquele sorriso quando a vi dobrar a esquina, tentando apressar o passo para pegar o ônibus que se aproximava. Pela primeira vez ela não retribuiu. Não estava com raiva, nem aparentava contrariedades ou dores físicas. Fiquei preocupada.
Pensei ainda em perguntar. Não foi preciso. Ela pulou os cumprimentos rotineiros e, como se tivesse lido meus pensamentos, jogou a bomba: o marido, aquele que a traía, que tinha outra família.. havia morrido.

Racionalmente falando, deveria ter sido um alívio para aquela senhora, que sempre reclamava das estripulias do marido, mesmo ajudando-o quando em seus lapsos de memória e sobriedade ia parar no meio da rua, correndo o risco de ser atropelado.

Mas não. Foram lágrimas o que vi no seu rosto. 57 anos juntos. Mais que uma vida, duas em uma. Sala vazia, cama fria, falta contínua, ausência permanente.. foi tudo o que restou.
Alisei seu braço. A aliança continuava lá. O amor também. Ah, não sei o nome dele. Não faria diferença.

Senti inveja daquela senhora.

Certamente não queria ter perdido um marido, ou mesmo ter um companheiro que me traísse. Senti inveja do amor incondicional. Ratifico, não quero um amor “burro”, cego e tapado. Mas.. não me acho capaz de amar assim.

Aquelas lágrimas passavam o superficialismo e demonstravam um amor maior. A doce senhora não mudou seu discurso, defendendo o marido e exibindo suas qualidades, como muitos fazem quando alguém próximo morre. Mas também.. não era a simples falta de alguém que se estava acostumado a ter perto.

Era amor.. amor.. impossível de descrever, imensurável, desconhecido..

Ela briga. Ele cai fora. Ela reclama. Ele ignora.
Ele volta. Ela esnoba. Ele perdoa. Ela magoa.
Ela chora. Ele bate a porta.
Os dois dão adeus..

Assim é o hoje.. pessoas indispostas a cederem, a serem um pouco do outro, a abrirem mão de olhar apenas para a própria sombra. Não falo em anulação, mas combato o individualismo. Gosto da individualidade. Não acredito em “metades” da laranja. Defendo seres únicos e completos que “escolheram” o outro para também completá-los.
Utópica? Talvez seja preciso.

As pessoas se desconhecem.. parecem não terem tempo para se conhecer.. ou simples falta de vontade.
O resultado?
Não preciso pedir pra você olhar em muitas direções para entender.

Frustrações.. ilusões.. desilusões.. incompreensões..
Solidão.. mesmo não estando a sós.

Acho que vou na casa da minha quase vizinha agora.. pedir um potezinho do amor real que ela guarda.. tenho certeza que dentro daqueles olhos marejados há uma porção deles.

Posso pedir um potezinho pra vc também.Garanto.. nunca é demais!!

sexta-feira, 25 de julho de 2008

(Meu) sorriso singelo...

Poucas coisas na vida são mais estressantes do que a fila de um banco.
Branco, negro, desocupado, ocupado - todos ficam em pé de igualdade, com os dois pés plantados no chão, esperando a grandiosa hora de escutar o célebre "próximo" bem de pertinho, de um dos dois caixas que estão funcionando.

Claro, são 5 ou 6 caixas.. mas, por que eles estariam todos ocupados? Acho que o gerente gosta muito da nossa companhia e prefere deixar apenas 2 funcionando, pra ter nossa presença por mais tempo.

É na fila do banco que os sentimentos afloram. É o rapaz que não pára de olhar o relógio, não sei se admirando a beleza do objeto adquirido com 1/4 do salário do mês.. acho que não.
A senhora, coitada, troca o peso do corpo entre uma perna e outra como num passo de dança.
A menina de cabelos cacheados pensa se foi por castigo que o pai a mandou pagar as contas.

E eu.. esperando, me estressando, pensando, observando.
Percebi que fila de banco pode ser interessante, basta saber olhar as coisas certas.
No lugar de contar quantas mil pessoas ainda estão à frente, melhor aproveitar aquele "tempinho" para perceber que nem sempre o rico está em melhor posição do que o pobre.
Ao invés de xingar em pensamento o caixa, gerente, ou mesmo o guarda que não me deixou entrar antes de tirar da bolsa o celular, sombrinha, chaves e mp3, prefiro ver as máscaras caídas no rosto das outras "sabe Deus quantas pessoas".

Os calmos escutam música no mp3 e ainda gesticulam com os lábios.
Os inquietos ensaiam coreografias, por vezes engraçadas.
Os preocupados fazem quase uma limpeza de pele espontânea, de tanto passar as mãos pelo rosto.
Os estressados ficam só esperando a hora em que alguém fura a fila pra fazer escândalo, ou então, chamam o coitado do amarelinho para "esculhambar" pelo desrespeito ao consumidor.

Ah, tem ainda os velhinhos.. calmos, cansados, sentados na irônica fila "preferencial".
Preferia estar naquela fila.. não por ser mais rápida, nem porque já gostaria de estar nos últimos anos da minha vida.
Apenas porque é lá que saem as melhores histórias. As mais ricas, mais aconselháveis.
Ainda me esforço pra chegar perto. Arregalo os ouvidos. De receita de bolo ao fim de semana passado com os netos - escuto tudo. Absorvo muito. Aprendo as melhores lições.

Ouço uma senhora com voz trêmula relatando pra "dama de companhia" que algumas horas adiante a sua filha a pegaria em casa pra fazer aquela viagem, como presente de aniversário.
A doce mulher de poucos cabelos ainda grisalhos esboça um sorriso singelo, no rosto enrugado por marcas jamais esquecidas.
Das quase 2 horas que passei na fila, mais de uma foi escutando as "aventuras" daquela senhora.
Imaginei-me nelas, daqui a uns muitos anos.
Deu até vontade de me oferecer pra ser sua neta, comer seus biscoitos no fim de semana e ter sua companhia nos melhores momentos.
Meus olhos lacrimejaram.

Quando ela me olhou, eu a encarei.
Poucos segundos, rápidos instantes.
O bastante para um sorriso recíproco.

Ao longe escuto aquela vozinha.. "próximo?!"

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Será que dá tempo??



Eu tinha apenas 15 minutos.

Esse era o tempo em que eu precisava me desdobrar em passadas para chegar na aula de inglês, depois de uma tarde de estágio.

Como se não bastasse, uma pancada na perna momentos antes fazia com que o caminho se tornasse mais longo. E o relógio, ah.. esse não me dava trégua.

De qualquer forma, entre um passo e outro, quase esbarrei com dois garotos que estudei no colégio, há no mínimo 9 anos. Tudo bem, eles não me viram ou não me reconheceram.. sabe-se lá também se não quiseram falar.. enfim..

O que importa é que um filme de poucos segundos passou pela minha cabeça. Recordações de uma época em que tudo se resumia à escola, tarefas de casa e momentos de lazer ou descanso. As responsabilidades? Ah, não era tão difícil tirar um 10 ou fazer algumas páginas de caligrafia.

Dizem por aí que nossa memória é seletiva.. não estudei nada para afirmar isso.. mas lembro perfeitamente do meu pai mexendo no meu pé para me acordar e de mainha colocando a lancheirinha na bolsa lilás que eu tanto tinha ciúmes.

Estudava em um colégio de freiras. Uns 10 minutos lá de casa e já estava na escola. No caminho, sempre segurava forte o dedo indicador do meu pai. Não precisava da sua mão toda, apenas um dedo me passava a proteção necessária.


Hoje, já cresci um pouquinho e aprendi que preciso lavar minhas mãos antes de comer.. Aprendi também a pedir desculpas quando machuco alguém. Meus pais e professores me ensinaram a lição direitinho.

É.. 20 anos.. deixei uma realidade, entrei em outra. Assim como você.
Universidade, estágio, inglês, igreja.. tudo isso misturado e 24h parece pouco.

Saudosista?! Eu? Ah, não sei se seria esse o termo preciso. Mas confesso, acredito que olhar o passado pode até dar forças para dar mais um passo. Ou ainda, retomar algumas atitudes esquecidas e necessárias, como "dê a mão e fique junto", é fundamental.


Será que correr tanto vale a pena?
Garanto que em algum momento você também já se fez essa pergunta..
Se não sabe a resposta.. pare.. pense.. mas não pense muito.. Infelizmente não há muito tempo.
Mas também, não se desespere. Aprenda a agradecer pelo leite e o biscoitinho que você pode ter antes de dormir. Reconheça também que a felicidade não é uma meta, um objetivo.. é simplesmente o modo como você deve conduzir a vida para alcançar o que se deseja.

E no fim, se você não conseguir o que almejou, não vai precisar se lamentar, porque você já vai ter sido feliz.

Eu tô tentando...


quinta-feira, 1 de maio de 2008

Não me confunda com uma mãe de santo!!

Faz um certo tempo.
Não sei dizer exatamente quanto..
Mas, geralmente quando vou comprar o pãozinho do jantar, ou logo cedo, na corrida pra chegar na universidade é quando a encontro.
Dobro a esquina, olho e lá está ela.. confesso com vergonha que não sei seu nome. Bem, nem ela o meu. Aparentemente e gentilmente, uns 70 e poucos anos evidenciados pela pele enrugada, cabelos brancos e voz embargada.
Cada dia uma conversa gostosa diferente. Tapo a boca e arregalo os ouvidos. Adoro experiências de vida.
Em uma dessas conversas, quase monólogos, fiquei "conhecendo" o marido da doce senhora. Bem, ela nem o chama assim.. prefiro ocultar os adjetivos "carinhosos" pelos quais o conheci.
Não pense que ela é insensível ou grossa. Fiquem certos que ela tem razão. Uns não sei quantos (muitos) anos sendo traída e minha quase vizinha ainda abriga em casa aquele que um dia foi seu homem.
Nem preciso dizer que não faltaram conselhos dados por ela.. "Minha filha, pense primeiro em estudar", "Muito cuidado com o homem que vc vai escolher pra casar".. não que escutar isso tenha sido novidade, mas ouvir tais palavras daqueles olhos lacrimejados com certeza surtiu um efeito incomum.
Muito tempo depois, agora paro e penso.. acho que conheço uma heroína. Repito, não sei seu nome, sua idade. Não importa. Sei que não muito distante existe alguém capaz de se doar e, em nome de alguma coisa, insistir num casamento que de relacionamento não tem mais nada.
Penso muito.. às vezes acho que até mais do que deveria.
Compreendo que anos de convivência não significa conhecimento pleno.
Daí me apego em apenas uma coisa.. o fato de saber que posso pedir e confiar no meu Deus... a pessoa certa está sendo preparada pra mim, e eu pra ela.
Terei brigas, desavenças, momentos difíceis. Mas, muito mais que isso.. um amor capaz de superar cada instante aparentemente insuportável. Sorrisos, afagos e doses certas de sabedoria.
Não sei se vc já encontrou a sua "pessoa certa".. não sei se vc pode dizer que espera no Pai aquele (a) que vai viver com vc..
O que posso dizer é que tirei esse peso das costas. Sim, sou responsável pelos meus atos... mas, tenho quem abra meus olhos.
Nem sei se vc acredita em "pessoa certa". Não posso te dizer quem é a sua. Mas.. conheço quem pode.
Te dou o endereço. Quer?